Birmingham: Combate ao Extremismo ou Perseguição religiosa?
A escola muçulmana Park View, em Birmingham, era muito louvada até que começou a ser acusada anonimamente de estar infiltrada por extremistas
Quarta-feira passada, Michael Gove, ministro da Educação do governo britânico, fez publicar eno Times que o fracasso do ministério do Interior em combater o extremismo permitira a um pequeno número de radicais infiltrarem escolas islâmicas de Birmingham; e abonou-se num relatório por enquanto não publicado do Ofsted, a inspeção escolar britânica. Theresa May, a ministra do Interior respondeu. Sábado, David Cameron, o primeiro ministro, castigou Gover, por ter violado o princípio da responsabilidade ministerial.
O caso é interessante porque a competição partidária pôs em causa a liberdade religiosa. Com feito, Gove partiu ao ataque e May colaborou na escalada porque ambos prepararm o terreno para o pós-Cameron, antecipando a sua derrota no partido Conservador ao qual os três pertencem.
Aqueles ataques ameaçam a liberdade religiosa de os pais islâmicos de Birmingham enviarem os seus filhos para escolas religiosas, afirmam uma comissão interreligiosa formada naquela cidade pelo bispo anglicano local, D. David Urquhart, pelo deputado trabalhista Liam Byrne (católico) e por Shabana Mahmood (muçulmano). Byrne afirmou haver paralelismo entre o tratamento dos muçulmanos em Birmingham e a discriminação contra os católicos irlandeses quando há anos o IRA fez explodir bombas naquela cidade.
O caso, conhecido como «do cavalo de Tróia», conhecerá hoje novos desenvolvimentos: Gove terá que se explicar na Câmara dos Comuns e espera-se a divulgação do relatório do Ofsted. De momento, Estado e Igreja sublinha dois pontos: Gove julgou haver votos a ganhar no ataque à liberdade religiosa, sob a forma de acusações sem provas a membros de uma dada religião, no caso a muçulmana; a «coligação religiosa», como The Observer lhe chamou, formou-se com muita rapidez e revela a falta de confiança de alguns dirigentes religiosos quanto à isenção do Estado britânico em matéria de liberdade religiosa. Será um precedente?
Mais informação em:
http://www.theguardian.com/politics/2014/jun/07/cameron-gove-may-extremism-row