A Lei da Separação Começa a Ser Inevitável; Incursões Monárquicas e Medo do Catolicismo
6 de abril de 1911 – o segundo dia do segundo semestre da República – assinalou uma mutação a favor da Lei da Separação. A Capital publicou um resumo oficioso da futura Lei, equivalente a uma consulta aos cidadãos.
Esta notícia oficiosa implicava que o Governo Provisório tinha que aprovar a Lei da Separação – excepto se desse uma cambalhota. O anúncio da Separação com o nome de Separação ocorria num contexto político cada vez mais dramático. Cada dia surgiam novos rumores de incursões monárquicas. A Capital anunciava que o governo enviava para o norte o navio de guerra Adamastor para impedir desordens e atribuía-as não às pobres forças de Couceiro mas às hostes da Igreja Católica – embora a propaganda republicana preferisse não relacionar estas com aquelas.
Os temas da Igreja dominavam toda a actualidade. Assim acontecia no Ministério da Guerra e com a música militar.
O catolicismo invadia também o «fait-divers»: um aventureiro tinha sido além de nobre … frade. Veja o título seguinte da primeira página d’ A Capital.
Era assim no teatro. A Capital censurava a peça de Afonso Lopes Vieira, representada na homenagem ao actor Augusto Rosa, que referimos num post anterior: era «neocristianismo, «um Tolstoi galante para madamas chics com flatos de anarquismos» – e suspeitava (com razão, aliás) que evoluiria como o Eça do «Suave Milagre». Antes de os espectáculos começarem, os republicanos gostavam de tocar A Portuguesa, o novo hino nacional. Aconteceu assim nesta homenagem. Mas o aplauso não era unânime, como A Capital relatava.
O clima social continuava tenso. O catolicismo passava por quase todas as linhas de fractura.